Parte 1:
Na teoria musical para guitarra, a
formação de acordes exerce uma grande influência sobre o aprendizado de outras matérias. Um guitarrista que domine a
formação de acordes terá muito mais liberdade ao compor e interpretar, devido à maior variedade de desenhos de acordes disponíveis para uso.
Você sabe que cada
casa pressionada no braço da guitarra emite uma determinada
nota.
A primeira corda solta é um
E, pressionada na casa 1 é um
F, pressionada na casa 2 é um
F#, etc...
Logo, para fazer um
acorde, devemos pressionar as casas correspondentes às
notas que aquele acorde utiliza, certo?
Todo
acorde (
Cm,
F#,
D7, etc...) é formado por uma
tríade (ou
tétrade) de notas, sendo a principal delas (a
tríade) formada por uma
tônica (
T), responsável por dar o nome ao acorde (a
tônica é necessariamente a nota mais
grave do acorde), uma
terça (
III), que indica se o acorde é
maior ou
menor e uma
quinta (
V), que indica se o acorde é
dissonante ou
consonante.
Parte 2:
Lembrando que:
Dissonante: dá ao ouvido uma sensação de "
movimento"
Consonante: dá ao ouvido uma sensação de "
repouso"
Bem, já aprendemos que uma
tríade é um conjunto de 3 determinadas notas. Vamos ver o exemplo de
Dó:
C.....C#.....
D.....D#.....
E.....
F.....F#.....
G.....G#.....
A .....A#.....
B.....
C
Ou seja:
I:
C
II:
D
III:
E
IV:
F
V:
G
VI:
A
VII:
B
VIII:
C
Logo, a
tríade de
Dó é:
I + III + V =
C + E + G
Partindo da mesma fórmula, podemos obter a seguinte
tabela de tríades:
.......
I.....
III.....
V
C.....C.....E.....G
D.....D.....F.....A
E.....E.....G.....B
F.....F.....A.....C
G.....G.....B.....D
A.....A.....C.....E
B.....B.....D.....F
Tipologia das tríades
A
tipologia da tríade é basicamente sua
configuração estrutural considerando os
intervalos entre os
graus (notas).
Podemos considerar a existência de
quatro formas básicas de
tipologia de tríades:
Maior
Menor
Aumentada
Diminuta
Mas antes de prosseguirmos, vamos relembrar alguns detalhes:
Primeiramente, relembraremos os
nomes dados aos graus da escala:
1º grau –
TÔNICA
2º grau –
SUPERTÔNICA
3º grau –
MEDIANTE
4º grau –
SUBDOMINANTE
5º grau –
DOMINANTE
6º grau –
SUPERDOMINANTE
7º grau –
SENSÍVEL OU
SUBTÔNICA (em determinadas escalas)
8º grau –
TÔNICA
Tônica é a nota da qual a escala tira seu nome. É obrigatoriamente a nota mais grave. A
supertônica é o grau logo acima da
tônica (
super=acima de). A
mediante é o grau que fica entre o primeiro e o quinto graus. A
subdominante recebe este nome por vir logo antes da
dominante, que é o grau mais “importante” depois da
tônica, e que é sucedido obviamente pela
superdominante. A
sensível, ou
nota atrativa, recebe este nome por dar a impressão de tender a subir para o oitavo grau. Isso se explica pelo fato de que a
sensível fica a meio tom da
tônica. Quando, devido à construção de determinada escala, a
sensível fica a 1 tom da
tônica, recebe o nome de
subtônica.
Para compreendermos melhor os esquemas a seguir, vamos ainda relembrar rapidamente alguns aspectos sobre os
intervalos:
Os
intervalos são, essencialmente, a
distância entre as notas. O nome do
intervalo é caracterizado por lembrar o
número de graus abrangidos.
Regra:
"Os I, III, VI e VII graus podem ser maiores, menores, aumentados ou diminutos. Os IV, V e VIII graus podem ser justos, aumentados ou diminutos."
Legenda:
M – maior
m – menor
A – aumentado
º ou
dim – diminuto
J – justo
Listagem de intervalos:
Usando o exemplo de
Dó Maior
2M - está a 1 tom da tônica (
D)
2m - está a meio tom da tônica (
Db)
2A - está a 1 tom e meio da tônica (
D#)
2º - não existe
3M - está a 2 tons da tônica (
E)
3m - está a 1 tom e meio da tônica (
Eb)
3A - está a 2 tons e meio da tônica (
E#)
3º - está a 1 tom da tônica (
Ebb)
4J - está a 2 tons e meio da tônica (
F)
4A - está a 3 tons da tônica (
F#)
4º - está a 2 tons da tônica (
Fb)
5J - está a 3 tons e meio da tônica (
G)
5A - está a 4 tons da tônica (
G#)
5º - está a 3 tons da tônica (
Gb)
6M - está a 4 tons e meio da tônica (
A)
6m - está a 4 tons da tônica (
Ab)
6A - está a 5 tons da tônica (
A#)
6º - está a 3 tons e meio da tônica (
Abb)
7M - está a 5 tons e meio da tônica (
B)
7m - está a 5 tons da tônica (
Bb)
7A - está a 6 tons da tônica (
B#)
7º - está a 4 tons e meio da tônica (
Bbb)
8J - está a 6 tons da tônica (
C)
8A - está a 6 tons e meio da tônica (
C)
8º - está a 5 tons e meio da tônica (
Cb)
Tendo estas informações em mente, podemos prosseguir:
Acorde Maior:
Este nome é dado pela
tipologia da tríade, que funciona da seguinte forma:
Entre o
I grau e o
III grau temos um intervalo de
3ª maior (ou seja,
2 tons). Entre o
III grau e o
V grau temos um intervalo de
3ª menor (ou seja,
1 tom e 1 semitom).
Acorde Maior:
Este nome é dado pela tipologia da tríade, que funciona da seguinte forma:
Entre o I grau e o III grau temos um intervalo de 3ª maior (ou seja, 2 tons). Entre o III grau e o V grau temos um intervalo de 3ª menor (ou seja, 1 tom e 1 semitom).
Lembrando:
Fórmula do acorde maior:
I grau >> 2 tons >> III grau >> 1 tom e meio >> V grau
Vamos então formar alguns
acordes maiores:
C
I grau:
Dó
III grau:
Mi
V grau:
Sol
Formada a
tríade, vamos analisar se a
fórmula foi respeitada:
Dó__Dó#__Ré__Ré#__Mi
---ST--ST--ST---ST---------- 2 tons
Mi__Fá__Fá#__Sol
--ST--ST---ST------------ 1 tom e meio
Agora chegamos num ponto onde outra parte da teoria musical se faz presente: os
acidentes.
Vejamos outro exemplo:
Lembrando também da
regra básica para a formação de escalas:
T T ST T T T ST
D
D...
E...
F...
G...
A...
B...
C...
D
De
D a
E temos um
tom (T)[b/].......... [b]ok
De
E a
F temos um
semitom.......... mas deveríamos ter um
tom de acordo com a
fórmula: T T ST T T T ST
Sendo assim, o que podemos fazer é
criar um acidente na nota
Fá,
aumentando-a em um
semitom e tornando-a
F#.
Desse modo, teremos cumprido o que diz a
fórmula da formação de escalas.
Continuando:
De
F# a
G temos um
semitom..........
ok
De
G a
A temos um
tom..........
ok
De
A a
B temos um
tom..........
ok
De
B a
C temos um
semitom.......... mas deveríamos ter um
tom de acordo com a
fórmula.
Sustenizamos o
C
De
B a
C# temos um
tom.........
ok
Continuando...
De
C# a
D temos um
semitom...........
ok
De modo que a escala completa fica assim:
D
D...
E...
F#...
G...
A...
B...
C#...
D
Acorde menor:
No
acorde menor, o
esquema triádico é o mesmo. Basicamente, apenas mudamos o
intervalo entre os graus.
Entre o
I e o
III graus devemos ter um intervalo de
3ª menor (
1 tom e meio), e entre o
III e o
V graus devemos ter um intervalo de
3ª maior (
2 tons). Ou seja:
Fórmula do acorde menor:
I grau >> 1 tom e meio >> III grau >> 2 tons >> V grau
Montando um
acorde menor:
Cm
I grau:
Dó
III grau:
Mib
V grau:
Sol
Vamos agora comparar com a
fórmula:
Dó__Dó#__Ré__Mib
---ST-----ST---ST------------- 1 tom e meio
Mib__Mi__Fá__Fá#__Sol
---ST---ST---ST-----ST------------- 2 tons
Acorde diminuto:
O
esquema triádico diminuto baseia-se em dois intervalos de
3ª menor dispostos em sequência.
Fórmula do acorde diminuto:
I grau >> 1 tom e meio >> III grau >> 1 tom e meio >> V grau
Formando
acordes diminutos:
Cº ou
Cdim
I grau:
Dó
III grau:
Mib
V grau:
Solb
Entre as notas
Dó e
Mi, o intervalo é de
3ª maior. Como precisamos de um intervalo de
3ª menor, baixamos o
III grau para
Mib.
Dó__Dó#__Ré__Mib
---ST-----ST---ST------------ 1 tom e meio
Entre as notas
Mib e
Sol, temos um intervalo também de
3ª maior. Por isso, baixamos o
V grau para
Solb.
Mib__Mi__Fá__Solb
----ST--ST---ST------------ 1 tom e meio
Acorde aumentado:
O
esquema triádico do
acorde aumentado é muito parecido com o do
acorde maior, tendo como única diferença a mudança do
intervalo entre o
III e o
IV graus de
3ª menor para
3ª maior. Logo, temos uma
tríade composta por [b]dois intervalos de 3ª maior.
Fórmula do
acorde aumentado:
I grau >> 2 tons >> III grau >> 2 tons >> V grau
Formemos um acorde:
Caum:
I grau:
Dó
III grau:
Mi
V grau:
Sol#
Entre as notas
Dó e
Mi, temos uma diferença de
2 tons:
Dó__Dó#__Ré__Ré#__Mi
---ST-----ST---ST-----ST------------ 2 tons
Entre
Mi e
Sol há um intervalo de
3ª menor. Para combinar com a
fórmula, aumentamos o
V grau em um
semitom, tornando-o
Sol#:
Mi__Fá__Fá#__Sol__Sol#
---ST---ST----ST---ST------------- 2 tons